sexta-feira, dezembro 01, 2006

Pombos

Na cidade dos vivos, os pombos pousam no centro da praça.
Com as suas trípedes patas pousadas nas pedras alinhadas, procuram o alimento no chão frio.
Os grãos que lhes são arremessados pelos que um dia tomarão parte na forma do seu solo são o seu combustível.
Procuram a energia em cada grão. A força que os faz voar. O bater das asas que se encontra encerrado em cada caloria ingerida, em cada grão que é esmagado pelo seu bico e digerido no interior do seu papo.
Os pombos ficam na cidade e as gentes voam para longe dela, como se fossem talhadas para voar mais alto ou mais longe, ou como se quisessem fugir da praça central.
Nem todos voam acima dos edificios pontiagudos, e dos telhados altaneiros da velha urbe.
É preciso ter coragem para tentar subir acima do horizonte de cimento, e estando lá em cima, visualizar a cidade nos seus mais íntimos segredos e nos seus mais fantásticos recantos

Tenho tentado ser um pombo livre , e escrever como se estivesse a partilhar com toda a cidade a minha angústia de não conseguir voar alto.
Peço perdão se o que escrevo magoa, mas deveis pensar que são só palavras ordenadas, emoções expostas!
Tento abanar as asas, mas nem sempre elas me elevam no éter.
Talvez esta não seja a melhor maneira de expiar a dor, mas se fizer bem a alguém, é muito gratificante para mim.
Além disso, quero a minha vida “posta ao sol”. Não tenho nada a esconder. Se quiserem venham comigo. Voem, e ajudem-me a seguir-vos.
A vida é o ar que nos rodeia e quanto mais batermos as asas mais o agitámos e mais alto nos elevámos.
Querem voar?
Venham comigo... não quero ficar só pela praça...

1 comentário:

Lurdes Pereira disse...

"
..tu estás fora da prisão, fora da gaiola; podes abrir as asas e o céu inteiro é teu. Todas as estrelas e a lua e o sol, pertencem-te. Tu podes desaparecer no azul do além... Basta desfazeres-te do apego a essa gaiola. Sai dela, e o céu inteiro será teu.
Abre as tuas asas e voa passando à frente do sol, como uma águia. "
Osho