sábado, novembro 25, 2006

Marcas

Hoje queria muito escrever, sinto essa necessidade. Sinto por vezes que preciso disso como o meu peito precisa do oxigênio que o enche a cada golfada.
Sei que não vai sair nada de jeito, mas em todo o caso vou tentar porque hoje foi um dia especial.
Falta-me algo muito importante para que possa passar dos pensamentos ás palavras. Não me falta inspiração mas concentração. Estou eléctrico! Sinto-me a levitar!
Sei que não vai ser uma obra-prima literária, mas não posso deixar de partilhar o meu estado de espirito, ou o estado do meu espirito.
Acho que há certos dias nas nossas vidas que não podemos deixar de assinalar no mapa com uma marca de uma côr bem viva.
Hoje, para mim foi um dia desses.
O meu corpo esteve hoje com dificuldades imensas para segurar o espirito que ainda lhe pertence.
A razão é simples: hoje recebi asas. As asas que tanto pedi, e que pensei que nunca mais chegavam. Finalmente foram-me entregues. Finalmente!
Hoje alguém que não conheço, deu-me o que pedi: ASAS.

São lindas!
São brilhantes como prata mas leves como penas.
Finalmente posso voar sem medo de cair. Sem medo de conhecer. Sem medo de ver o mundo a partir de cima. Sem medo de nada.
Hoje tive a certeza que já aprendi a voar. Soube que já o fiz. Hoje e noutros dias já voei, mesmo sem saber, já planei por cima deste mundo que é ainda o meu, e que o que vi não era ilusão, mas sim realidade.
Hoje senti que já toquei, ainda que ao de leve, na fronteira de outros mundos ou de outras dimensões que não são as que normalmente habito.
Tive a confirmação da única certeza absoluta que ainda possuo. Tive a certeza que o amor é eterno. Não precisava que fosse confirmada para saber que era certa, mas dá sempre jeito. Tive-a, não pelos meus olhos, mas pelos olhos de quem não me conhece de todo.
Pode parecer estranho o que digo, mas é apenas a verdade. Não somente a verdade sentida, mas a verdade revelada. A verdade da imagem com os olhos bem abertos e não a verdade dos sonhos que alimentámos com pensamentos obsessivos.

Hoje estou feliz.
Arrepiado até à espinha, mas feliz, porque hoje sei que quando sinto os pés a levantar do chão, não estou a sonhar mas sim a voar como sempre quis fazer.
Estou feliz porque sei que da mesma forma que ninguém pode sentir a dor que sinto, também ninguém pode voar por onde eu voo.
Estou feliz porque sei que podemos fazer com que a nossa dor se regenere e se transforme em asas, para que possa chegar até ti, como por vezes tenho chegado.

1 comentário:

Lurdes Pereira disse...

Hoje é um dia para assinalar...
Hoje é apenas um dia, em que se olha para o chão e reconhecemos o rasto das pequenas pegadas, se olha para o céu e se vê a estrela que ela desenha com o dedo,viramos o rosto e uma pena branca dança com o vento...hoje é aquele dia em que a janela se abriu um pouco mais e tu foste escolhido para estar lá!!!
Voa leãozinho, voa...