quinta-feira, outubro 05, 2006

Asas

Preciso de asas.
Preciso de voar, e o mundo prende-me tanto.
Prende-me, esse espaço em que somos todos e em que somos sós.
O mundo, com os seus braços longos e tingidos de negro, prende-me.
Com esses braços que me fazem sentir pequenino.
Com esses braços que me apertam e que não me deixam ser livre.

Preciso desesperadamente de umas asas.
Quero voar para ti, mas não posso ainda.
Quero muito voar.
Ainda não levantei os pés do chão mas sou Ícaro em direcção a ti.
Sempre me encantou a tua luz.
Vou em vôo, mas no entanto ainda não parti.
Vôo directo para ti, mas ainda não descobri a rota.
Não faz sentido voar, se ainda não se tem asas ou se ainda não se sabe para onde ir, mas eu já vôo.
Quero treinar, quero estar preparado. Quero partir logo que seja possível e do alto descobrir o caminho.

Sei que estás aí. Sei que me esperas e sei que é só um instante para ti mas uma eternidade para mim.
Daí, do alto, a vista é mais rasgada e o horizonte é mais vasto.
Tudo deve parecer mais fácil.
Daqui, vê-se tão pouco.
Daqui, o horizonte é tão curto.
Aí deve ser tão lindo!
Basta ver a maneira como brilhas e o calor que emanas.

Hei-de aí chegar, e havemos de voar juntos.
Havemos de planar sobre este mundo e observá-lo sem que os seus braços nos alcancem e nos privem do nosso vôo.
Espera só mais um pouco. Vou chegar a ti, e juntos vamos chegar ao céu.
Não ao céu que nos venderam, mas sim a esse céu de liberdade e de amor eterno onde estás.

Espera só mais um pouco.
Um dia destes vou dizer-te ao ouvido: Vamos voar juntos.

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